Companhia de Dança Êxtase: Uma Trajetória de Arte, Formação e Transformação Social em Oriximiná
Fundada em abril de 2001, a Companhia de Dança Êxtase nasceu como uma iniciativa independente de jovens oriximinaenses movidos pela paixão pela dança e pela cultura popular. Ao longo de mais de duas décadas de atuação contínua, o grupo consolidou-se como um dos mais importantes agentes culturais do município de Oriximiná, no oeste do Pará. Sua trajetória é marcada pela criação de espetáculos que celebram a identidade amazônica, pela formação de novos talentos e pela promoção de ações de impacto social e educacional em diversas comunidades. Em 2 de abril de 2025, a consolidação desse legado culminou na formalização da entidade como Associação Cultural, Artística e Social Companhia de Dança Êxtase de Oriximiná – ACASCEO. Este novo marco institucional reflete o amadurecimento de um coletivo que, desde a sua origem, atua com compromisso social, valorização das tradições e incentivo à profissionalização artística no território amazônico.

Da Semente à Associação: Marcos de uma Caminhada Histórica

O início da história do grupo remonta à participação de jovens da Escola Pe. José Nicolino de Souza no Festival de Danças, em 2001. Inicialmente voltada à dança clássica e contemporânea, a companhia rapidamente ampliou seu repertório, incorporando elementos da cultura popular e das manifestações tradicionais amazônicas. Em 2014, deu início à sua participação nos festejos juninos locais, criando espetáculos temáticos que logo se tornaram marca registrada do grupo.

Entre 2021 e 2024, o grupo viveu um ciclo de intensa produção cultural, com destaque para projetos como a I Mostra de Cordão de Pássaros e o Concurso Virtual Rainha Cultural e Gay, ações que reforçaram seu compromisso com a inclusão, diversidade e democratização da arte. Em 2025, ao tornar-se uma associação cultural legalmente constituída, o grupo passou a ampliar ainda mais sua atuação, buscando parcerias, fomentos e expandindo sua presença regional e nacional.

Espetáculos Como Ferramentas de Memória e Identidade

Ao longo dos anos, a Companhia de Dança Êxtase tornou-se referência em espetáculos que mesclam dança, teatro, música e audiovisual, sempre com narrativas conectadas às raízes amazônicas.

Desde 2014, os projetos juninos tornaram-se pilares da atuação do grupo, com destaque para montagens que resgatam memórias históricas e temas sociais. Espetáculos como Pátria Erezú-miná (2019), Nicolino, Curumim da Mata (2022), Caminhos e Segredos do Cachoeiry (2023) e Estrada do BEC: Memórias que o Povo Traz (2024) marcaram época ao transformar o imaginário local em arte de alta qualidade. Este último projeto valeu ao grupo o título de primeira quadrilha campeã do Festival Intermunicipal de Quadrilhas Juninas de Oriximiná, um feito inédito para a cultura da cidade.

Formação de Artistas e Promoção da Cidadania Cultural

Mais do que um grupo artístico, a Êxtase firmou-se como uma verdadeira escola informal de formação cultural. Por meio de oficinas gratuitas de dança, expressão corporal, costura, artesanato e artes visuais, centenas de jovens foram capacitados ao longo dos anos. Muitos deles hoje são lideranças de outros grupos artísticos da cidade, evidenciando o papel da companhia como um dos principais fomentadores de talentos locais.

As atividades de formação foram realizadas em diferentes espaços parceiros – como a Escola de Educação Infantil Laura Diniz – e se caracterizaram por oferecer não apenas o aprendizado técnico, mas também experiências de acolhimento, fortalecimento da autoestima e empoderamento comunitário.

Presença em Festivais e Circuitos Culturais Amazônicos

A trajetória da Companhia de Dança Êxtase também é marcada pela sua presença constante em festivais e eventos culturais. Localmente, tornou-se um dos principais destaques dos concursos de quadrilha junina de Oriximiná, acumulando sete títulos ao longo de sua história. Fora do município, o grupo participou de eventos expressivos como o Festival dos Bois de Parintins (AM), o Festival dos Botos e o Sairé de Alter do Chão (PA), estabelecendo conexões com outras expressões culturais da Amazônia.

Essas experiências de circulação resultaram em intercâmbios culturais enriquecedores, consolidando a Êxtase como um grupo atuante no fortalecimento da identidade regional e no diálogo com outras tradições artísticas.

Ramada 2025

Compromisso com a Circulação Cultural e o Impacto Social

A criação da ACASCEO permitiu ao grupo reafirmar seu compromisso com a democratização do acesso à cultura e a circulação de projetos artísticos com ênfase em territórios periféricos e comunidades tradicionais. Em abril de 2025, a participação da companhia na Festa da Ramada, na Comunidade Quilombola Boa Vista do Rio Cuminã, representou um dos marcos desse novo momento. Durante a vivência, os integrantes da associação realizaram uma imersão nas tradições locais, promovendo trocas de saberes e documentando elementos da cultura quilombola para integrar ao espetáculo junino daquele ano.

Além disso, a ACASCEO tem atuado em iniciativas voltadas à inclusão de jovens negros, LGBTQIA+ e moradores de comunidades ribeirinhas e urbanas, contribuindo para a redução da ociosidade juvenil e o fortalecimento da cidadania cultural.

Legado em Movimento: Arte como Ato de Resistência

A trajetória da Companhia de Dança Êxtase, agora transformada em ACASCEO, simboliza o poder da arte como ferramenta de resistência, pertencimento e transformação social. Em cada espetáculo apresentado, oficina realizada ou projeto idealizado, pulsa a força de um grupo que acredita na arte como direito e como instrumento de mudança.

Com mais de duas décadas de atuação, a ACASCEO segue firme no propósito de construir pontes entre o passado e o futuro, entre comunidades e territórios, entre tradição e inovação. Em Oriximiná, o legado do Êxtase permanece vivo – dançando, criando e transformando vidas.

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